7 de junho de 2014

Josivam Alves analisa a mudança na política de Catolé e região no artigo, “Prostituição eleitoral: o pudor pelo poder”

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É lamentável, mas é verdade. Em nossa microrregião de Catolé do Rocha (a sede da comarca e as cidades da qual fazem parte) quase não há mais políticos como antigamente. Postura firme, posição consolidada e respeito ao sentimento de lealdade do eleitor são coisas do passado. Os valores e princípios que se cultivavam nos tempos idos faziam com que o povo tivesse admiração pelos seus líderes. Hoje, são folhas que já secaram e o vento levou. Não se sabe por que aliados tão antigos e amizades aparentemente sólidas estão se desfazendo. Diluem-se com facilidade. A reciprocidade está falhando. Por quase nada estão rompendo. O pior é que inimigos ferrenhos, ferozes, de vida ou morte estão se unindo. Passam a fazer parte de um arco de alianças sem nenhuma dificuldade, sem qualquer sentimento de mágoa ou de culpa. Aliás, não ligam perder o pudor pelo poder. É incrível!
Por isso, ouvindo-se a voz da rua, sente-se que a população está a cada dia mais decepcionada com aqueles que se propõem a disputar eleições. Período eleitoral, quase no início. Daqui a pouco, outubro. E o povo? Nenhuma motivação para votar! O descaso começa lá de cima. O PT que, no poder, teve toda chance de dar uma lição de ética e moral, fez igual aos outros: formação de quadrilha, peculato, desvios, tráfico de influência, enfim…
Todas as mazelas praticadas pelo PSDB e Dem, ao lado dos aliados nanicos, o PT fez questão de repetir a dose, de fazer tudo do mesmo jeito ou pior. Certamente estão numa disputa para saber quem é mais corrupto. Interessante é se referir aos condenados do mensalão como “presos políticos”. Será que os termos da frase não estão invertidos? Aqui, a ordem muda totalmente o sentido. Eles são políticos presos. E os conchavos, na calada da noite, com todo tipo de gente? De Maluf a Sarney, passando por Renan e Collor, não ficou ninguém!
Então, para fazer jus ao que ocorre em âmbito nacional, em nossa microrregião de Catolé do Rocha está todo mundo se juntando com todo mundo. Assim, ninguém mais pode se julgar diferente dos demais. Quase nenhum pode mais falar do outro, com raras exceções. E quem escreve artigos a respeito dessa realidade tão forte, também não pode mais se utilizar de uma linguagem elegante, repleta de eufemismos para suavizar as sacanagens que fazem com o povo. É necessário que se faça uso mesmo da palavra crua, dura, objetiva, direta como uma flecha. De agora em diante o importante é dizer claramente.
A postura que a classe política adotou nos últimos anos faz o eleitor acreditar que todos são iguais. Os defeitos existentes nos outros, e apontados pelo adversário como pecado mortal, daqui a pouco (é só assumir o poder) estão sendo praticados por ele também. Nunca se fala mal de si próprio, só dos adversários. É como se só eles tivessem erros na vida e cada um se sentisse “um santo”. Nossos políticos pregam aos quatro cantos, e essa é uma realidade existente aqui entre nós, que, se o povo votar neles, o mundo será um mar de rosas, tudo ficará às mil maravilhas. Porém, se votar nos outros, aí o mundo vai virar um inferno. Engraçado, não é?
No momento, as negociações aqui no sertão já estão acontecendo com vistas ao pleito vindouro. Em Catolé do Rocha, mais cedo ainda. O tom dos entendimentos gira sempre em torno de se levar vantagem individual em detrimento do interesse do povo. Em grande parte da classe política, o espírito público não existe. A política partidária virou uma agiotagem, um balcão de negócio, um leilão, onde leva quem der mais. Não se sabe aonde isso vai chegar.
Nessa seara, a maioria dos envolvidos olha somente para si. Não há a manifestação de qualquer iniciativa em defesa de um projeto de natureza coletiva. Alguns pré-candidatos, tanto a senador como a deputado, já conversaram com todos os pré-candidatos a governador, e ainda não se decidiram com quem vão ficar. É todo mundo conversando com todo mundo. E cada um querendo pegar uma boquinha. Ninguém confia em ninguém.
Até agora, nenhum sabe responder qual será seu grande projeto. Não tem sequer consciência das ações que serão adotadas, e como se pautará sua atuação no executivo ou no parlamento, e que metas pretende atingir. Eles estão pouco se lixando. O pior é que o povo parece também que não está nem aí.
Existe uma infinidade de partidos, em que os chefes, que se intitulam seus donos, aparecem para negociá-los como siglas de aluguel. E as chantagens são de arrepiar e inacreditáveis. São indecências diante de que se fica até enojado.
Os partidos, por sua vez, não têm programa. Perderam-se no tempo. Não seguem uma linha ideológica, nem possuem identidade própria. Em nossa microrregião de Catolé do Rocha, cada chefe político tem quatro ou cinco partidos em mãos. Os partidos têm dono, como uma propriedade privada. E sempre funciona a degola. Os indesejáveis vão à forca. Em eleições passadas, muitos pré-candidatos foram “queimados”. Para isso, muitos diretórios são constituídos por membros da família. É uma forma de não dar espaço. E a falsidade se generaliza por toda parte. E a trairagem? É tanto traíra que se desconfia do nada. Quase todos são iguais.
Em Catolé do Rocha e nas cidades arredores não é diferente. Os políticos da região estão assumindo o comportamento do contexto nacional. De tudo se vê! É bom repetir o que foi dito no início: “os maiores amigos” se separam e “os piores inimigos” se juntam. É como se nada tivesse acontecido. E o povo é quem passa por besta.

Josivam Alves/Catolé do Rocha(PB), 06 de junho de 2014.

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