4 de agosto de 2025

Bolsonaro Preso: Moraes decreta prisão domiciliar de Jair Bolsonaro por descumprimento de medida cautelar

 


O ministro do STF Alexandre de Moraes decretou hoje a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por descumprir medidas cautelares.

O que aconteceu

Moraes citou postagens nas redes e participação dele por vídeo no ato do último domingo. Para o ministro, a divulgação de imagens do ex-presidente com tornozeleira eletrônica e a aparição pelo celular em manifestações afrontaram a decisão do STF.

O ministro afirma que o ex-presidente usou subterfúgios para desrespeitar as ordens que haviam sido impostas, como a de não usar redes sociais. "Agindo ilicitamente, o réu se dirigiu aos manifestantes reunidos em Copacabana, no Rio de Janeiro, produzindo dolosa e conscientemente material pré-fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o Supremo Tribunal Federal.

Ministro fala em "modus operandi criminoso" com utilização de "milícias digitais". Ele ressalta que apoiadores de Bolsonaro e seus filhos, deliberadamente, utilizaram as falas e a participação do réu, ainda que por telefone e pelas redes sociais, para a propagação de ataques e impulsionamento dos manifestantes com a nítida intenção de pressionar e coagir o STF.

 

PF apreendeu celular na casa de Bolsonaro após determinação de Moraes. O ministro citou a utilização do aparelho para fins ilícitos e para o descumprimento das medidas cautelares. Este foi o segundo celular de Bolsonaro apreendido —outro aparelho foi confiscado pela Polícia Federal durante uma operação em julho.

Segundo apurou o UOL, os agentes da PF não entraram na residência do ex-presidente e Bolsonaro entregou um aparelho novo em frente à garagem. Quando o presidente foi abordado, o telefone foi solicitado e entregue imediatamente.

Também foram impostas novas restrições. O ex-presidente está proibido de receber visitas, salvo a de seus advogados ou de pessoas previamente autorizadas pelo STF, e de usar celulares, seja diretamente ou por terceiros. "O descumprimento das regras da prisão domiciliar ou de qualquer uma das medidas cautelares implicará na sua revogação e na decretação imediata da prisão preventiva", diz a decisão.

Decisão citou reportagem do UOL sobre recuo de Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ontem, após o protesto, a colunista do UOL Carla Araújo mostrou que o filho do ex-presidente apagou postagem no Instagram com a presença do pai, alegando "insegurança jurídica" após as medidas cautelares.

Moraes diz que não proibiu Bolsonaro de dar entrevistas. No documento, o ministro afirma que não proibiu o ex-presidente de falar com a imprensa e ressalta que as entrevistas não poderiam servir para burlar a restrição com as redes sociais. "Em momento algum Jair Bolsonaro foi proibido de conceder entrevistas ou proferir discursos em eventos públicos ou privados, respeitados os horários estabelecidos nas medidas restritivas." As medidas cautelares impostas na decisão anterior, que decretou o uso de tornozeleira eletrônica, foram mantidas. O ex-presidente não pode manter contato com outros réus da trama golpista, nem com embaixadores e quaisquer autoridades estrangeiras. Também está proibido de usar redes sociais.

Presidentes de Câmara e Senado também não comentaram. Os dois chefes das Casas foram procurados para comentar a prisão de Bolsonaro, mas escolheram não se manifestar agora.

Não há dúvidas de que houve o descumprimento da medida cautelar imposta a Jair Messias Bolsonaro, pois o réu produziu material para publicação nas redes sociais de seus três filhos e de todos os seus seguidores e apoiadores políticos, com claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL e apoio, ostensivo, à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro.

A Justiça é igual para todos. O réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares --pela segunda vez-- deve sofrer as consequências legais.

Ministro Alexandre de Moraes em decisão. Defesa de Bolsonaro diz que irá recorrer

Bolsonaro não descumpriu "qualquer medida", alega a defesa. "A defesa foi surpreendida com a decretação de prisão domiciliar, tendo em vista que o ex-presidente Jair Bolsonaro não descumpriu qualquer medida", disse a nota assinada pelos advogados Celso Vilardi, Daniel Tesser e Paulo Amador da Cunha Bueno.

Defesa contestou publicação sobre a participação de Bolsonaro em ato. "A frase 'Boa tarde, Copacabana. Boa tarde meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos' não pode ser compreendida como descumprimento de medida cautelar, nem como ato criminoso."

A defesa foi surpreendida com a decretação de prisão domiciliar, tendo em vista que o ex-presidente Jair Bolsonaro não descumpriu qualquer medida.

Cabe lembrar que na última decisão constou expressamente que "em momento algum Jair Messias Bolsonaro foi proibido de conceder entrevistas ou proferir discursos em eventos públicos". Ele seguiu rigorosamente essa determinação.

A frase "Boa tarde, Copacabana. Boa tarde meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos" não pode ser compreendida como descumprimento de medida cautelar, nem como ato criminoso.

A defesa apresentará o recurso cabível.

Defesa de Bolsonaro sobre a prisão domiciliar

Participaram desta cobertura: Carolina Nogueira, Luccas Lucena, Mateus Coutinho e Victoria Bechara, do UOL, em São Paulo e em Brasília, e Carla Araújo e Letícia Casado, colunistas do UOL, em Brasília.



Nenhum comentário:

Postar um comentário