Após sucessivas falhas nas edições anteriores do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem), 5.791.290 estudantes de todo o País são esperados
para mais uma prova, que terá início às 13h deste sábado (pelo horário
de Brasília). O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) reforçaram a segurança para
evitar que novos empecilhos prejudiquem a credibilidade da prova, mas
especialistas consultados pelo Terra são unânimes em apontar que ainda
há muito o que avançar.
Um dos maiores empecilhos é o tamanho da prova. Um exame anual, que serve como certificação de conclusão do ensino médio, como uma espécie de vestibular para ingresso no ensino superior e ainda como avaliação da educação, exige um suporte de logística que não existe nenhum comparativo no Brasil. Para se ter uma ideia, o maior vestibular do País - da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), que seleciona alunos para a Universidade de São Paulo (USP) - teve 159 mil inscritos na sua edição de 2013, cerca de 32 vezes menos candidatos que o Enem.
"É muito difícil prever que uma prova desse tamanho não terá nenhum problema. A regra do MEC é resolver os erros anteriores. Teve problema na gráfica, trocou-se a gráfica e reforçou a segurança na impressão. A questão dos itens, que houve o vazamento, também foi modificada. Não existe expectativa de que ocorram os mesmos problemas das edições anteriores, mas não podemos garantir que não surgiram outros", afirma o educador Mateus Prado, presidente do Instituto Henfil e especialista em avaliações.
O próprio ministro da Educação, Aloizio Mercadante, já afirmou em entrevistas que não garante que o exame será 100% seguro, mas reforçou que a logística do Enem foi melhorada. Nesta edição, a empresa RR Donnelley foi contratada para instalar 10 mil lacres eletrônicos nos malotes. Com uma espécie de chip, será possível controlar desde o momento em que as provas são lacradas na gráfica, até a abertura dos malotes nas salas de aula, evitando vazamentos neste percurso.
Em 2009, houve o vazamento da prova na gráfica responsável. Já em 2010, trocou-se o cabeçalho de um dos cartões-resposta e provas do caderno amarelo tiveram falhas de encadernação. No ano passado, estudantes de um colégio cearense tiveram acesso antecipado a algumas questões, devido ao vazamento do pré-teste. Esses erros chegaram a pautar a disputa pela prefeitura de São Paulo nas eleições deste ano. O candidato vitorioso, petista Fernando Haddad, precisou responder a acusações de problemas de gestão quando comandou o MEC por causa dos erros no Enem.
Para Mateus Prado, ainda é preciso que o governo federal trate o exame com mais importância, aumentando os investimentos em tecnologia e segurança. Já para o coordenador da Comissão Permanente para os Vestibulares da Universidade Estadual de Campinas (Comvest-Unicamp), Maurício Kleinke, a principal mudança necessária é ampliar o número de edições do exame. No ano passado, o MEC chegou a anunciar uma segunda prova em 2012, mas depois voltou atrás. "Com mais edições no ano, o número de candidatos diminuiria e a logística seria mais fácil. Mas o ideal mesmo é que o exame fosse da mesma forma que é hoje para tirar a carteira de motorista. Vai lá, na universidade no caso, marca a data e faz a prova", sugere Kleinke.
O professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Remi Castioni concorda que ainda há muito que avançar, mas reconhece o empenho do MEC em solucionar os problemas das etapas anteriores. "Eu acho que esse processo que enfrentamos desde 2009 foi grande aprendizado. Não tínhamos experiência em uma prova dessa magnitude", afirma. Segundo ele, o que o principal fator que precisa ser avaliado são as múltiplas funções do Enem.
"O problema que verifico é que o exame assumiu muitas funções. Originalmente foi aplicado para menos de 80 mil pessoas para avaliação da educação, mas agora agregou uma série de outros serviços, como processo seletivo, disputa de vagas no Prouni e no Fies, e acabou perdendo muito da característica de avaliar o ensino médio. Essa é a grande questão, poderíamos várias provas ao longo do ano com essa segmentação", disse ao afirmar que essa proposta ajudaria a evitar novas falhas.
Horários e documentos
As provas acontecem hoje e amanhã em 1.615 municípios de todo País. Os portões de acesso serão abertos ao meio-dia e fechados às 13h (horário de Brasília). A recomendação do MEC é que todos os candidatos cheguem ao local das provas até as 12h. Os alunos devem ficar atentos ao relógio nos Estados em que há mudança de fuso horário ou que estão fora do horário de verão.
Neste sábado, os participantes terão quatro horas e meia para responder a todas as questões de ciências humanas e suas tecnologias e ciências da natureza e suas tecnologias. No domingo, o tempo é estendido em uma hora. Com isso, os inscritos terão cinco horas e meia para realizar as provas de linguagens, códigos e suas tecnologias e de matemática e suas tecnologias. Além disso, o aluno fará a redação, que está no topo das preocupações dos participantes por representar 50% da nota total.
Nos dias de exames é necessário apresentar um documento de identificação original com foto, que pode ser a carteira de identidade; identificação fornecida por ordens ou conselhos de classe, que por lei tenham validade como documento de identificação; Carteira de Trabalho e Previdência Social; certificado de reservista; passaporte; ou carteira de habilitação com foto. Em caso de perda de documento de identificação, o participante deve apresentar boletim de ocorrência com data de, no máximo, 90 dias antes da prova.
De acordo com o Inep, a segurança do exame vai mobilizar homens do Exército, da Polícia Federal, Polícia Rodoviária e Polícia Militar. Além disso, contará com a participação de quase 20 mil agentes de escolta das secretarias de Segurança Pública de todos os Estados.
O Enem
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado em 1998 pelo governo federal com o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da educação básica. A partir de 2009, o teste passou a ser utilizado também como mecanismo de seleção para ingresso no ensino superior.
O Enem é a oportunidade para os estudantes brasileiros ingressarem em universidades federais, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), ou faculdades particulares, por meio de bolsas do Programa Universidade para Todos (Prouni). Também pode ser utilizado por candidatos maiores de 18 anos para obtenção do certificado de conclusão do ensino médio.
ANGELA CHAGAS
Terra
Um dos maiores empecilhos é o tamanho da prova. Um exame anual, que serve como certificação de conclusão do ensino médio, como uma espécie de vestibular para ingresso no ensino superior e ainda como avaliação da educação, exige um suporte de logística que não existe nenhum comparativo no Brasil. Para se ter uma ideia, o maior vestibular do País - da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), que seleciona alunos para a Universidade de São Paulo (USP) - teve 159 mil inscritos na sua edição de 2013, cerca de 32 vezes menos candidatos que o Enem.
"É muito difícil prever que uma prova desse tamanho não terá nenhum problema. A regra do MEC é resolver os erros anteriores. Teve problema na gráfica, trocou-se a gráfica e reforçou a segurança na impressão. A questão dos itens, que houve o vazamento, também foi modificada. Não existe expectativa de que ocorram os mesmos problemas das edições anteriores, mas não podemos garantir que não surgiram outros", afirma o educador Mateus Prado, presidente do Instituto Henfil e especialista em avaliações.
O próprio ministro da Educação, Aloizio Mercadante, já afirmou em entrevistas que não garante que o exame será 100% seguro, mas reforçou que a logística do Enem foi melhorada. Nesta edição, a empresa RR Donnelley foi contratada para instalar 10 mil lacres eletrônicos nos malotes. Com uma espécie de chip, será possível controlar desde o momento em que as provas são lacradas na gráfica, até a abertura dos malotes nas salas de aula, evitando vazamentos neste percurso.
Em 2009, houve o vazamento da prova na gráfica responsável. Já em 2010, trocou-se o cabeçalho de um dos cartões-resposta e provas do caderno amarelo tiveram falhas de encadernação. No ano passado, estudantes de um colégio cearense tiveram acesso antecipado a algumas questões, devido ao vazamento do pré-teste. Esses erros chegaram a pautar a disputa pela prefeitura de São Paulo nas eleições deste ano. O candidato vitorioso, petista Fernando Haddad, precisou responder a acusações de problemas de gestão quando comandou o MEC por causa dos erros no Enem.
Para Mateus Prado, ainda é preciso que o governo federal trate o exame com mais importância, aumentando os investimentos em tecnologia e segurança. Já para o coordenador da Comissão Permanente para os Vestibulares da Universidade Estadual de Campinas (Comvest-Unicamp), Maurício Kleinke, a principal mudança necessária é ampliar o número de edições do exame. No ano passado, o MEC chegou a anunciar uma segunda prova em 2012, mas depois voltou atrás. "Com mais edições no ano, o número de candidatos diminuiria e a logística seria mais fácil. Mas o ideal mesmo é que o exame fosse da mesma forma que é hoje para tirar a carteira de motorista. Vai lá, na universidade no caso, marca a data e faz a prova", sugere Kleinke.
O professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Remi Castioni concorda que ainda há muito que avançar, mas reconhece o empenho do MEC em solucionar os problemas das etapas anteriores. "Eu acho que esse processo que enfrentamos desde 2009 foi grande aprendizado. Não tínhamos experiência em uma prova dessa magnitude", afirma. Segundo ele, o que o principal fator que precisa ser avaliado são as múltiplas funções do Enem.
"O problema que verifico é que o exame assumiu muitas funções. Originalmente foi aplicado para menos de 80 mil pessoas para avaliação da educação, mas agora agregou uma série de outros serviços, como processo seletivo, disputa de vagas no Prouni e no Fies, e acabou perdendo muito da característica de avaliar o ensino médio. Essa é a grande questão, poderíamos várias provas ao longo do ano com essa segmentação", disse ao afirmar que essa proposta ajudaria a evitar novas falhas.
Horários e documentos
As provas acontecem hoje e amanhã em 1.615 municípios de todo País. Os portões de acesso serão abertos ao meio-dia e fechados às 13h (horário de Brasília). A recomendação do MEC é que todos os candidatos cheguem ao local das provas até as 12h. Os alunos devem ficar atentos ao relógio nos Estados em que há mudança de fuso horário ou que estão fora do horário de verão.
Neste sábado, os participantes terão quatro horas e meia para responder a todas as questões de ciências humanas e suas tecnologias e ciências da natureza e suas tecnologias. No domingo, o tempo é estendido em uma hora. Com isso, os inscritos terão cinco horas e meia para realizar as provas de linguagens, códigos e suas tecnologias e de matemática e suas tecnologias. Além disso, o aluno fará a redação, que está no topo das preocupações dos participantes por representar 50% da nota total.
Nos dias de exames é necessário apresentar um documento de identificação original com foto, que pode ser a carteira de identidade; identificação fornecida por ordens ou conselhos de classe, que por lei tenham validade como documento de identificação; Carteira de Trabalho e Previdência Social; certificado de reservista; passaporte; ou carteira de habilitação com foto. Em caso de perda de documento de identificação, o participante deve apresentar boletim de ocorrência com data de, no máximo, 90 dias antes da prova.
De acordo com o Inep, a segurança do exame vai mobilizar homens do Exército, da Polícia Federal, Polícia Rodoviária e Polícia Militar. Além disso, contará com a participação de quase 20 mil agentes de escolta das secretarias de Segurança Pública de todos os Estados.
O Enem
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado em 1998 pelo governo federal com o objetivo de avaliar o desempenho do estudante ao fim da educação básica. A partir de 2009, o teste passou a ser utilizado também como mecanismo de seleção para ingresso no ensino superior.
O Enem é a oportunidade para os estudantes brasileiros ingressarem em universidades federais, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), ou faculdades particulares, por meio de bolsas do Programa Universidade para Todos (Prouni). Também pode ser utilizado por candidatos maiores de 18 anos para obtenção do certificado de conclusão do ensino médio.
ANGELA CHAGAS
Terra
A NOTICIA BOM SUCESSO PB
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