Sexta, 13 de Janeiro de 2012 - 21h10
Planalto se alia ao PT para dar freio no PSB do NE
O Palácio do Planalto passou a estudar a dedo o impacto
político de medidas e nomeações do governo federal no Nordeste a fim de
evitar que o PSB seja o principal partido beneficiado. Dos três Estados
mais importantes da região, dois são comandos por socialistas (Ceará e
Pernambuco) e um pelo PT (Bahia).
“Existe uma disputa por
hegemonia entre o PT e o PSB no Nordeste”, reconhece um líder no Senado
com trânsito no Planalto. Respectivamente, em Pernambuco e no Ceará,
Eduardo Campos e Cid Gomes, do PSB, estão em segundo mandato. Governador
na Bahia pela segunda vez, Jaques Wagner é o contraponto do PT.
Na
avaliação de palacianos, também por ser presidente do nacional do PSB,
Campos tem capitalizado mais iniciativas do governo federal no Nordeste
do que integrantes do PT. A luz amarela do Planalto acendeu, sobretudo,
depois que Campos fez uma aliança com o prefeito de São Paulo e
presidente do PSD, Gilberto Kassab.
Com o seu PSD, Kassab
amealhou deputados em todos os partidos (detalhe: menos no PSB) e tem a
quarta maior bancada da Câmara. Para o futuro, não é descartada uma
fusão entre o PSD e o PSB. “Com Kassab, Campos ganhou um braço no
Sudeste para seu projeto de chegar ao comando do Palácio do Planalto,
que pode ser em 2014 ou 2018”, avalia um governista.
A operação
de dar um basta no avanço de Campos tem o aval da presidenta Dilma
Rousseff. Alguns petistas culpam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva pelo crescimento de Campos. “O Lula deu muita corda para o
Eduardo. Agora a Dilma vai ter de dar um freio”, afirmou um deputado
petista da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB).
A vitória da mãe
O
maior exemplo foi a eleição da deputada Ana Arraes (PSB-PE), mãe de
Campos, como ministra do Tribunal de Contas da União (TCU). Apesar da
presença de Aldo Rebelo, seu ex-ministro de Articulação Política, Lula
declarou voto em Ana Arraes. A maioria do PT paulista, porém, votou no
deputado comunista, que hoje é ministro do Esporte.
Ainda no ano
passado, Dilma retardou ao máximo a nomeação de indicados do PSB em
cargos de estatais no Nordeste. Em dezembro, saiu finalmente a nomeação
de João Bosco de Almeida para a presidência da Companhia Hidro Elétrica
do Nordeste (Chesf). A presidenta também não postergou a reestruturação
da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste.
Apesar do
“freio” de Dilma, petistas têm se preocupado em não transformar Campos
em adversário. “No fundo, no fundo existe uma disputa, mas ela é
natural. Afinal de contas, os oito anos de governo Lula acabaram com as
oligarquias, com o jeito antigo de fazer política. E o PT e o PSB se
fortaleceram”, afirma o deputado José Nobre Guimarães (PT-CE).
A
preocupação é com 2014, mas já em 2012 a disputa entre socialistas e
petistas poderá ocorrer. Em Fortaleza, ainda não há acordo entre a
prefeita Luizianne Lins e o governador cearense Cid Gomes (PSB) lançarem
um candidato único.
Em Recife, o ministro da Integração
Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), ainda é opção para concorrer
contra a reeleição do prefeito João da Costa (PT), cuja candidatura é
questionada ainda dentro do seu próprio partido.
Costa enfrenta a
concorrência do ex-prefeito João Paulo (PT). Outra opção é o senador
Humberto Costa (PT-PE). Deputado federal licenciado e secretário de
governo do Estado de Pernambuco, Maurício Rands.
Na semana
passada, o Planalto tentou demonstrar solidariedade em meio à crise
envolvendo Fernando Coelho, acusado de prestigiar parentes e aliados
políticos com verbas da Integração. No entanto, durante a sessão do
Congresso na qual foi ouvido, o PMDB saiu mais em defesa de Coelho do
que o PT.
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