Muito marcado o tempo todo, Ronaldinho tem atuação apagada e sai do Engenhão derrotado junto com o Atlético-MG
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Todos contra Ronaldinho Gaúcho.
Onze jogadores no gramado do Engenhão e quase 40 mil torcedores nas
arquibancadas. Não houve para onde correr. Por mais que o craque do Galo
se esforçasse, havia sempre alguém pronto para cercá-lo. Se algum rival
falhasse na marcação, o som dos apitos e das vaias tentava contê-lo.
Deu certo. Na noite desta quarta-feira, em jogo adiado da 14ª rodada, o
camisa 49 atleticano pouco fez no reencontro com o ex-clube e não
conseguiu evitar a derrota por 2 a 1, que mantém o vice-líder a quatro
pontos do Fluminense, agora com o mesmo número de jogos.
Alguns jogadores do Flamengo correram atrás de Ronaldinho como leões
perseguem suas presas. Wellington Silva, Frauches, Amaral e Cáceres não
permitiram ao jogador respirar. Dedicação máxima para deixar o principal
jogador do Atlético apagado. Longe de seus melhores dias, R49 em alguns
momentos lembrou o R10 do Rubro-Negro, aquele de pouco brilho e sem
saída.
- A decisão era por fazer uma marcação homem a homem, mas quando ele
rodasse não mudaríamos ninguém do nosso setor. É natural que o Ronaldo
precise de uma marcação em cima, que tiremos os espaços, até pelas
qualidades que ele possui. Em cada setor que ele caía havia sempre um ou
dois elementos. Esse posicionamento e a postura dos jogadores fizeram
com que ele não oferecesse tantos riscos – avaliou Dorival Júnior.
Wellington Silva marca de perto Ronaldinho (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Cáceres, que dividiu com Amaral a fatia maior da responsabilidade de
conter Ronaldinho, deixou o Engenhão satisfeito com o desempenho da
dupla.
- Ele deu muito trabalho, mas com Amaral fizemos um bom trabalho. Ficou
muito mais fácil. Para esse tipo de jogo temos de jogar assim, com
muita raça e muita força - disse o paraguaio.
Todos contra Ronaldinho
Ele foi o último a entrar em campo do time do Atlético-MG. Era assim
nos tempos de Flamengo. Lentamente, Ronaldinho subiu as escadas que
levam do vestiário ao gramado. A cada passo do meia, vaias, xingamentos,
apitaço. Não era assim no tempo em que foi rubro-negro. R49 trotou até
encontrar os demais companheiros e cumprimentar os torcedores do Galo no
setor Norte do Engenhão. Bem diferente da época em que disparava
balançado os cabelos e batia continência para a torcida do seu ex-clube.
Ronaldinho fez o aquecimento de forma discreta, foi à lateral para
cumprimentar um gandula e à distância viu os ex-companheiros entrarem no
gramado. Cruzou o campo e pouco a pouco cumprimentou cada um deles. O
goleiro Paulo Victor foi o primeiro. O jogador também passou pelo banco
de reservas, falou com membros da comissão técnica e massagistas. Vagner
Love e Léo Moura ganharam abraços mais longos. O camisa 2 chegou a ser
erguido por Ronaldinho.
O primeiro toque na bola do craque foi dado com um minuto e 12
segundos. Ronaldinho errou o domínio e foi muito vaiado. Vaias que o
marcariam o tempo inteiro. Aos seis, entrou forte na dividida com o
lateral-direito Wellington Silva, mas não ficou com a bola.
Ronaldinho começou a partida aberto pela esquerda, como fazia nos
tempos de Flamengo. Apagado, foi marcado com facilidade. Amaral,
Cáceres, Frauches e Wellington Silva se revezavam no cerco ao camisa 49
do Galo. E foram bem. Foram gigantes. Mesmo quando mudou de posição e
passou a jogar mais centralizado, Ronaldinho não rendeu. As tentativas
de arrancada fracassaram, os lançamentos eram cortados pelos
adversários, e os dribles não foram completados.
À espera da sobra de uma cobrança de escanteio, Ronaldinho viu Vagner
Love, a quem trata como afilhado, abrir o placar. O Artilheiro do Amor,
que não marcava há cinco rodadas, acertou um lindo voleio de esquerda e
fez o Engenhão explodir eufórico: 1 a 0, aos 20 minutos. Coube a
Ronaldinho pegar a bola e levá-la até o círculo central para que o jogo
recomeçasse. No minuto seguinte, Ronaldinho arriscou uma bicicleta
dentro da área para acionar Jô, mas o goleiro Felipe defendeu com
segurança. A grande chance de Ronaldinho na primeira etapa ocorreu aos
41 minutos. Numa cobrança de falta frontal, acertou a barreira e foi
vaiado sem dó pelos rubro-negros.
Na saída para o intervalo, Ronaldinho trocou camisas com Amaral e não quis dar entrevistas.
- É a nossa amizade fora das quatro linhas, mas nada demais. Só a troca
de camisas mesmo – disse o volante, que também marcou Ronaldinho quando
o astro estreou pelo Rubro-Negro, em fevereiro de 2011, contra no Nova
Iguaçu.
Ronaldinho melhora, Galo empata, mas Fla vence
O Galo voltou mais disposto no segundo tempo. Ronaldinho também. Tanto
que o time mineiro conseguiu o empate logo aos quatro minutos. R49 teve
participação importante no início da jogada concluídia por Jô. Na
comemoração tradicional, saltou alto para bater peito com o atacante
grandalhão. Tudo isso bem na frente de rubro-negros calados. O Atlético e
Ronaldinho assustaram naquele momento.
Susto que não durou quase nada. Wellington Silva, magrinho, magrinho,
agigantou-se. Jogou como nunca. Não só continuou defendendo bem na
partida e segurando Ronaldinho, mas também foi ao ataque várias vezes.
Na melhor delas, aos dez, cruzou na medida para uma linda conclusão de
Liedson: 2 a 1. E lá foi Ronaldinho outra vez levar a bola para dar nova
saída.
O meia foi mais participativo na etapa final. Puxou contra-ataques
perigosos, chutou a gol após uma arrancada e até provocou polêmica. Aos
35, o Flamengo havia colocado a bola para fora para o atendimento de
Victor Cáceres. O árbitro determinou bola ao chão para o recomeço da
partida. Na disputa, Magal pensou que Ronaldinho fosse devolvê-la, mas o
craque iniciou um ataque. Foi mais uma vez muito vaiado pelos
rubro-negros e foi repreendido por Léo Moura.
Ronaldinho até teve chance de finalizar uma última vez, aos 37, mas o
chute saiu travado e explodiu no corpo do garoto Frauches, de 19 anos. O
zagueiro vibrou demais por ter conseguido parar o ex-companheiro. Na
véspera da partida, Frauches disse que seria um sonho enfrentá-lo.
Na apito final, o ex-camisa 10 viu a torcida e os antigos companheiros
vibrarem muito com o resultado. Dos jogadores, recebeu abraços.
Bottinelli, González, Amaral, Wellington Silva, Léo Moura, Felipe,
Vagner Love… todos foram cumprimentá-lo. Das arquibancadas, xingamentos
de todos os tipos.
- O meu Flamengo não precisa de você – cantaram os rubro-negros.
Ao descer as escadas rumo ao vestiário, Ronaldinho desdenhou.
- Deixa falarem. Que mal tem?
O reencontro, inicialmente marcado para 4 de agosto, demorou para
ocorrer, mas ficará guardado. Agora, Ronaldinho tem duas datas marcantes
na relação com a torcida do Flamengo. Dois de fevereiro de 2011, quando
estreou e recebeu as boas-vindas, e 26 de setembro de 2012, o dia em
que o Engenhão, com quase 40 mil rubro-negros magoados, se voltou contra
ele.
Globo Esporte
A NOTICIA BOM SUCESSO PB
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