O 14º Encontro Nacional do PT formalizou na noite desta sexta-feira
(2), em São Paulo, a indicação da presidente Dilma
Rousseff como candidata à reeleição pelo partido. A oficialização
da candidatura se dará somente em junho, na convenção nacional do PT.
No evento, petistas buscaram esvaziar o chamado movimento "Volta
Lula", cujo objetivo era substituir a candidatura de Dilma pela do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os dois entraram juntos no auditório do centro de convenções do Anhembi
e foram recepcionados pela plateia de delegados do PT sob aplausos e aos
gritos de "Um, dois, três, Dilma outra vez".
A presidente Dilma Rousseff disse ao começar a discursar que o
lançamento de sua pré-candidatura à eleição de outubro é uma “prova” da
confiança mútua entre ela e o ex-presidente Lula.
“Hoje, para receber a missão honrosa, a missão desafiadora de ser
pré-candidata do PT à Presidência da República, dirijo à nossa liderança, a
você presidente Lula, as minhas palavras de respeito e carinho. Esta é uma
prova contundente da nossa confiança mútua e dos laços que nos uniram e nos
unem ao povo brasileiro. Foi o compromisso com o povo brasileiro que nos uniu”,
afirmou.
Lula
Ao discursar, antes de Dilma, Lula afirmou que é preciso “parar de imaginar que existe outro candidato” do partido à eleição presidencial de outubro “que não a presidente Dilma Rousseff”. “Quando a gente brinca com isso os adversários aproveitam. Não podemos gastar energia com coisa secundária. Não teremos campanha fácil”, afirmou.
Ele disse que, a partir de julho, estará “por conta da campanha”
eleitoral. “Temos um pequeno problema para resolver que é o seguinte: a Dilma,
por conta dos acordos da aliança, ela não vai poder ir a vários lugares. Eu não
sou presidente do PT.
Então, não estou subordinado aos acordos que o Rui Falcão [presidente da sigla]
fez. Aonde tiver candidato do PT, eu estarei lá”, disse.
Segundo o ex-presidente, há uma "perseguição" ao PT. Segundo
ele, "parece que há uma coisa pessoal" contra o ex-ministro José
Dirceu, os ex-deputados José Genoino e João Paulo Cunha e o ex-tesoureiro do PT
Delúbio Soares, presos devido a condenações no julgamento do processo do
mensalão. "Mas o dado concreto é que enquanto as pessoas se preocupam em
todo dia tentar veicular notícia sobre nossos companheiros presos, o mensalão
mineiro voltou para BH e ninguém comenta”, declarou.
Lula elogiou o pronunciamento de
1º de Maio de Dilma em cadeia nacional de rádio e TV em que ela anunciou de 10%
do Bolsa Família e correção da tabela do imposto de renda. "Acho que os
trabalhadores e o PT estavam precisando ouvir esse discurso. O discurso teve tanta
repercussão que nossos adversários e parte da imprensa ficaram muito nervosos.
Portanto, querida, faça mais”, disse.
O ex-presidente também aproveitou o discurso para criticar a imprensa e
defender a aprovação de um marco regulatório da mídia. “Temos que discutir
marco regulatório para democratizar os meios de comunicação. O que causa
preocupação é que o principal partido de oposição à vossa excelência
[presidente Dilma] é a nossa gloriosa imprensa”, disse.
O ex-presidente encerrou o discurso dizendo: “Dilminha, se me permite
chamar assim. É só você preparar a agenda que o Lulinha estará junto com você
para ganhar as eleições!”, disse.
Ministros e aliados
A cerimônia de abertura oficial do encontro reuniu 11 dos 37 ministros, três governadores e representantes de partidos aliados (PMDB, PDT, PSD, PTB, PP e PC do B).
O senador Valdir Raupp (RO), presidente em exercício do PMDB, principal
partido aliado, afirmou que existe “unidade” na legenda em apoio à continuidade
governo de Dilma e defendeu a manutenção como vice na chapa de Dilma o atual
vice-presidente da República Michel Temer (PMDB). “Destaco a unidade do PMDB em
torno da aliança nacional, com a presidente Dilma Rousseff, e nos estados
vamos, em sua grande maioria, compor alianças com o PT”, disse.
Dirigentes de PP, PTB, PSD e PC do B também discursaram brevemente para
reafirmar apoio a Dilma na eleição presidencial. “É imprescindível uma unidade
das forças aliadas em torno da presidente Dilma Rousseff a fim de alcançarmos
sua reeleição”, disse o presidente do PCdoB, Renato Rabelo.
O governador da Bahia, Jaques Wagner, discursou em nome de governadores
petistas e disse ter certeza de que as eleições de outubro serão difíceis,
porque os adversários “destilam ódio”. “Tenho muita segurança que a eleição será
uma eleição dura, porque o lado de lá destila ódio. Enquanto eles destilarem
ódio, devemos destilar alegria, abraços, a felicidade daqueles que têm a
consciência de que os brasileiros melhoraram de vida”, disse. “Assim como
gritávamos, ‘Lula é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo’, agora temos que
gritar: ‘A Dilma é minha amiga, mexeu com ela, mexeu comigo’”, defendeu.
Antes de discursar, o presidente do partido, Rui Falcão, pediu aos
militantes da plateia que levantassem os crachás vermelhos de delegados para
aprovar a indicação de Dilma como pré-candidata do PT. No discurso, cujo conteúdo havia sido
distribuído anteriormente aos jornalistas pela assessoria do partido, Falcão
disse que a "tarefa mais importante" do partido é reeleger Dilma
presidente.
A
presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
participam do 14º Encontro Nacional do PT, no Centro de Convenções
Anhembi, na zona norte de São Paulo, nesta sexta-feira. (Foto: Daniel
Teixeira/Estadão Conteúdo)
G1
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