A oposição, reforçada por alguns legisladores da base governista, exigiu nesta quinta-feira a renúncia do presidente Michel Temer, alvo de uma grave denúncia de obstrução da Justiça.
"Frente à gravidade do cenário e com a responsabilidade de não deixar que o Brasil submerja no imponderável, somente nos resta a renúncia do presidente Michel Temer", disse através das redes sociais o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que integra a coligação de Governo.
Essa posição foi apoiada pelo líder do PPS na Câmara, Arnaldo Jordy, que afirmou de forma incisiva que o Governo de Temer "acabou". Segundo Jordy, Temer "deve pactuar uma saída institucional", a qual inclua "antecipar o processo eleitoral" previsto para outubro do ano que vem, com o objetivo de "devolver às urnas a decisão sobre o futuro do país".
O escândalo que encurrala o presidente explodiu na quarta-feira, com a divulgação de que Temer teria sido gravado pelo empresário Joesley Batista, do grupo JBS, que colabora em investigações sobre casos de corrupção, em um momento em que assegurava comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara.
O PT também disse que a situação de Temer é "gravíssima" e exigiu sua renúncia.
"Primeiro, exigimos a renúncia imediata do presidente Temer, e depois pedimos que seja aprovada uma emenda constitucional que nos permita convocar eleições diretas já", declarou o deputado Carlos Zarattini, líder do PT na Câmara.
Até agora Temer somente se pronunciou através de um comunicado oficial, no qual admitiu que teve uma reunião em março com o empresário Joesley Batista, que entregou à justiça a suposta gravação.
No entanto, a nota afirma que "jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha" e que "não participou e não autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar uma delação ou colaboração com a Justiça por parte do ex-deputado".
A denúncia poderia levar o Supremo Tribunal Federal a iniciar uma investigação sobre a responsabilidade de Temer, que como chefe de Governo em exercício somente pode ser objeto de processo judicial por assuntos ocorridos depois do início de seu mandato.
Neste caso, os fatos aconteceram em abril passado, quando Temer já estava há quase um ano no cargo, pelo que a abertura de uma investigação é considerada inevitável, o que deixaria o presidente literalmente contra as cordas.
O cargo de Temer também está ameaçado por causa de um processo que tramita na justiça eleitoral, no qual se tenta determinar se a campanha da chapa que integrou com Dilma Rousseff para as eleições de 2014 foi financiada com dinheiro que veio de caixa dois.
Se por algumas dessas circunstâncias Temer for tirado do poder, a Constituição prevê que o Congresso convoque uma eleição indireta para sucedê-lo.
Terra Brasil
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