O ano vai chegando ao fim, mas milhões de brasileiros do Nordeste não conseguem se livrar de um pesadelo. Em quase metade dos municípios da região a situação é de emergência por causa da seca.
Desde novembro essa é a rotina dos moradores de Santana do Matos, no Rio Grande do Norte.
“De 5 horas da manhã já tem, balde aqui esperando, tem que botar na fila para ficar. Senão não pega água. Tem muita gente”, conta o pedreiro Paulo Cesar Duarte.
Dona Maria Rocha precisou comprar duas caixas para armazenar água. Um gasto a mais para uma família grande como a dela.
“Eu tenho 22 netos. Tem gente que gasta mais de R$ 500. Quem tem. E quem não tem? Como é que fica? Tem que economizar”, lamenta a aposentada.
A prefeitura espalhou caixas d’água pela cidade que são abastecidas até três vezes por dia.
O açude Rio da Pedra foi construído há pouco mais de 30 anos. Era dele que saia toda água que abastecia os mais de 13 mil habitantes de Santana do Matos. Durante todo esse tempo ele resistiu às estiagens, mas esse último período de seca que dura cerca de 6 anos agravou a situação. Por causa disso, há um mês as bombas que captavam água dele e levavam até as torneiras das casas, foram desligadas. O que fez com que a cidade entrasse em situação de colapso no abastecimento.
Santana do Matos foi a última a ser incluída nessa lista. Hoje, nove de cada dez municípios do estado correm risco de ficar sem água. O maior reservatório está com apenas 12% de sua capacidade. As perdas no setor agropecuário passam dos R$ 4 bilhões só no Rio Grande do Norte.
A crise ameaça toda a região. Quase metade dos municípios do Nordeste vive situação de emergência por causa da seca.
Na Bahia, o estado mais populoso, são mais de 5 milhões de pessoas prejudicadas. Na Paraíba, um dos mais afetados, 88% do território sofrem com a estiagem.
“A cada ano que passa está ficando mais difícil ainda de conviver na agricultura”, conta um agricultor.
Em Pernambuco, onde 64% dos municípios estão em situação de emergência, 300 mil pessoas só recebem água por meio de caminhão-pipa.
“Era o meu desejo, que o ano entrasse com bem muita chuva, que a gente tivesse água em abundância. Eu chego a ficar emocionada, porque o que a gente passa não é fácil. Não é fácil”, diz Dona Maria.
JORNAL NACIONAL
Nenhum comentário:
Postar um comentário