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29 de abril de 2012

Relator no Conselho de Ética analisa discursos e projetos de Demóstenes

Humberto Costa (PT-PE) entrega relatório preliminar na quinta-feira (3).
Após relatório, Conselho decide se processo contra senador prossegue.

Iara Lemos Do G1, em Brasília

demóstenes no senado 2 (Foto: globonews)Demóstenes Tores no Senado (Foto: Globo News)

O senador Humberto Costa (PT-PE), relator do processo que investiga Demóstenes Torres (sem partido-GO) no Conselho de Ética, afirmou neste domingo (29) que analisa discursos e projetos de lei apresentados pelo senador para compor seu relatório preliminar, que será entregue ao conselho na próxima quinta (3).
Demóstenes é alvo de processo no Conselho de Ética para apurar se houve quebra de decoro parlamentar por parte do parlamentar na relação com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. Escutas telefônicas apontam que Demóstenes usou o mandato para favorecer o contraventor e que recebeu dinheiro do bicheiro.
Segundo Humberto Costa, uma equipe composta por oito assessores auxilia na busca de discursos e projetos de lei que serão analisados para a finalização do relatório preliminar. Costa afirmou que já leu a defesa entregue pelo advogado do senador Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, na última quarta-feira.
“A atuação legislativa e a atividade parlamentar podem confirmar ou não algumas coisas que ele [Demóstenes] disse”, afirmou Costa, explicando que as informações podem servir para verificar se houve tentativa de beneficiar o grupo do bicheiro.
O relatório preliminar do caso será entregue pelo relator, Humberto Costa (PT-PE) no dia 3 de maio, quando o Conselho de Ética volta a se reunir. No dia 8, o conselho definirá se abrirá ou não processo disciplinar que poderá levar à perda do mandato de Demóstenes.
Defesa prévia de DemóstenesNa defesa prévia entregue nesta quarta, o advogado do senador pede o arquivamento do pedido de abertura de processo por suposta quebra de decoro parlamentar.
Caso o Conselho decida por levar o processo adiante, o advogado pede uma série de diligências, como perícias nas gravações que apontam relações entre o senador e o bicheiro. Kakay, como é conhecido o advogado, argumenta que as gravações podem ter sido adulteradas.
Outro pedido de Kakay é para que o requerimento que pede a investigação de Demóstenes seja suspenso até manifestação do Supremo Tribunal Federal referente às gravações que envolvem o senador. Tramita no Supremo ação de Demóstenes para declarar as gravações ilegais, sob o argumento de que deveriam ter sido autorizadas pelo próprio STF, já que o senador tem foro privilegiado.
Se ainda assim a investigação prosseguir, a defesa do senador pede que sejam chamadas testemunhas para cada um dos fatos questionados. O próprio Cachoeira é colocado no rol de testemunhas que podem ser chamadas pelo senador.
Dinheiro do bicheiro
Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal revelam que o senador Demóstenes pode ter recebido até R$ 3,1 milhões do grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Desse valor, R$ 1 milhão foi depositado na conta do senador.
Nesta sexta-feira (27), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, relator do inquérito que tramita na Corte para investigar as relações de Demóstenes com o contraventor, autorizou que três comissões do Congresso retirem cópia integral dos autos da investigação, entre elas a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) instalada nesta semana no Congresso para apurar as relações de Cachoeira com agentes públicos e privados.

 

No material que compõe o inquérito sobre Demóstenes, está um diálogo revelado pelo Jornal Nacional em 28 de março entre Cachoeira e Geovani Pereira da Silva, apontado na denúncia do Ministério Público Federal de Goiás (MPF-GO) como tesoureiro do grupo - veja no vídeo ao lado.
Geovani: Porque eu tô devendo pra ele aqui, 1 milhão e oitenta e seis. E, na verdade, eu só tenho os oitenta e seis.
Cachoeira: Esse um é o do Demóstenes, uai.
Em outro diálogo, Cachoeira conversa com Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste, que foi afastado de seu cargo. Abreu foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal nesta semana em uma operação sobre supostas fraudes cometidas no DF, como desdobramento da Operação Monte Carlo.
Cachoeira: Cê fala quanto? Que do Demóstenes, no total, eu dei dois e ocê três e cem, não é isso?
Cláudio Abreu: Exatamente;
Cachoeira: É uai. A conta é fácil. Você deu um e quinhentos, mais seiscentos. Dois e cem. Depois, segurou mais um para mim. Três e cem. Então não tem outra conta.
Nesta sexta, o site Brasil 247 divulgou a íntegra do pedido de abertura de inquérito contra o senador Demóstenes. O documento, assinado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. diz que "em diálogo no dia 22 de março de 2011, às 11:18:00, entre Carlos Cachoeira e Cláudio Abreu, não degravado pela autoridade policial, é expressamente referido que o valor de um milhão foi depositado na conta do Senador Demóstenes e que o valor total repassado para o Parlamentar foi de R$ 3.100.000,00 (três milhões e cem mil reais)."
O advogado do senador Demóstenes Torres chamou de fantasioso o relatório assinado pelo procurador geral da República. Disse ser falsa a informação de que Demóstenes teria recebido R$ 3,1 milhões do bicheiro Cachoeira, e não quis se pronunciar sobre a conversa em que Gleyb e Demóstenes combinaram a entrega de R$ 20 mil no apartamento do senador.

G1

A NOTICIA BOM SUCESSO PB

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