Às 20h30, ela tinha 51,4%, Aécio, 48,5%, e não era mais possível a virada.
Governo do PT (2003-2018) terá o dobro do período tucano (1999-2002).
Do G1, em Brasília
Dilma Rousseff (PT) venceu Aécio Neves (PSDB) na disputa em segundo
turno e foi reeleita neste domingo (26) para um novo mandato como
presidente da República (2015-2018). O resultado foi confirmado pelo
sistema de apuração do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) às 20h30,
quando 98% das urnas estavam apuradas e não havia mais possibilidade
matemática de virada.
Acompanhe a apuração em tempo real.
Até a última atualização desta reportagem, com 98,82% das urnas
apuradas, a petista tinha 53.830.577 votos (51,54%) e o tucano,
50.606.537 votos (48,46%).
Cerca de 40 minutos depois da confirmação do resultado,
Aécio Neves fez um pronunciamento em Belo Horizonte no qual disse ter cumprimentado Dilma pela vitória e afirmou que agora a prioridade é unir o Brasil.
Com a vitória, Dilma completará um período de 16 anos do PT no comando
do governo federal, desde a primeira eleição de Luiz Inácio Lula da
Silva, em 2002. É o dobro do tempo do PSDB, que teve dois mandatos com
Fernando Henrique Cardoso (1995-1998 e 1999-2002).
Desde antes da reeleição de Dilma, o PT trabalha com a hipótese de uma nova candidatura de Lula em 2018, conforme
voltou a defender neste domingo o presidente do partido, Rui Falcão.
A presidente se reelegeu na disputa considerada a mais acirrada desde a
redemocratização. No início da campanha, a petista manteve-se na
dianteira nas pesquisas de intenção de voto, mas depois chegou a ter a
liderança ameaçada por Marina Silva (PSB), derrotada no primeiro turno, e
Aécio, que chegou a aparecer numericamente à frente dela no segundo
turno.
Foi também a sexta eleição marcada pela polarização entre
PSDB e
PT,
que desde 1994 sempre chegaram nas duas primeiras posições na corrida
presidencial. Assim como em 2010, a candidatura de Marina despontou
neste ano como terceira força, alcançando 21,3% dos votos no primeiro
turno.
Dilma Rousseff depois de votar em Porto Alegre no segundo turno da eleição (Foto: Paulo Whitaker/Reuters)
Campanha
Tanto no primeiro quanto no segundo turno, a campanha eleitoral para a
Presidência neste ano foi marcada pelas críticas entre os candidatos. Se
na primeira fase da disputa, os ataques do PT se concentraram em Marina
– apontada como inconsistente – na segunda, a campanha petista mirou a
candidatura de Aécio, associando-a ao "retrocesso".
Marina passou a ser alvo tanto do PT quanto do PSDB com sua
rápida ascensão nas pesquisas após a morte de Eduardo Campos, candidato do PSB até agosto, quando morreu em
acidente aéreo que vitimou outras seis pessoas, entre assessores e tripulantes.
Até então, as pesquisas indicavam uma situação de estabilidade, com
Dilma à frente e Aécio em segundo. O tucano já havia enfrentado
denúncias de
suposta concessão irregular para um tio de um aeroporto na cidade de Cláudio (MG), mas a candidatura dele começou a perder fôlego após a morte de Campos.
Uma das principais críticas do PT a Marina Silva foi a defesa da
independência do Banco Central, que propunha mandatos fixos para
diretores condicionado ao combate à inflação. Nas propagandas e
discursos, a campanha petista dizia que a
medida favoreceria os banqueiros; na TV, foi mostrada uma família sem comida no prato.
Marina respondia dizendo que a rival tentava "
ressuscitar o medo” na campanha e fazia “terrorismo eleitoral”.
Pelo lado do PSDB, Marina era
atacada por ter sido filiada ao PT,
inclusive nos períodos em que o partido enfrentava escândalos de
corrupção, como o mensalão. A candidatura de Marina também foi posta em
xeque após
mudanças em seu programa de governo.
Quando o programa foi lançado, em 29 de agosto, havia defesa do
casamento gay e da energia nuclear. No dia seguinte, os tópicos foram
retirados, sob alegação de erro na edição do documento.
No campo da economia, a petista insistiu que o retorno do PSDB ao poder seria uma "
volta ao passado", segundo ela, com arrocho salarial, desemprego e queda na renda dos trabalhadores. O tucano, por sua vez,
enfatizou a alta da inflação no governo Dilma aliado ao baixo crescimento da economia; como solução, pregou
mais credibilidade e transparência nas contas públicas para atrair de volta o investimento produtivo ao país.
Nas duas últimas semanas da campanha, os ataques se intensificaram nas
propagandas, debates na TV e atos de campanha pelas ruas do país. Além
de criticar a política econômica do PSDB, Dilma passou a dizer que os
tucanos
não governavam para os pobres, apontando uma menor abrangência dos programas sociais na época de FHC. O
discurso foi reforçado por Lula,
que participou ativamente da campanha e chamou Aécio de "filhinho de
papai", o acusou de ser agressivo com mulheres e o condenou por recusar o
teste do bafômetro numa blitz em 2012.
G1