Adeus ano velho, feliz imposto de novo! O mês de dezembro costuma ser recebido com muita alegria, mas entre uma comemoração e outra é preciso se preparar para as despesas que chegam com o ano novo. Logo em janeiro, as famílias são bombardeadas com gastos como matrícula e compra de material escolar, além de IPTU e IPVA. Embora o primeiro mês do ano tenha uma concentração de despesas, os gastos extras com impostos seguem até abril, segundo o Correio Online.
A economista e professora da Devry, Amanda Aires, alerta para outros gastos do período. “Tem o imposto de renda, por exemplo, então, o primeiro semestre tem mais impostos a serem pagos. Não há um percentual médio de quanto esses impostos impactam nas rendas das famílias porque depende das taxas e valores dos bens que se tem”, explica. Entretanto, a certeza é de que os impostos sofrem reajustes anuais e, por isso, toda preparação é bem-vinda.
“Se programar é importante por isso. Entretanto, dá para se ter uma ideia do quanto se vai pagar de IPTU e IPVA no próximo ano, por exemplo. Se a pessoa sabe o quanto pagou nesses impostos no ano anterior, se baseia nesses valores sabendo que vai ter um pequeno aumento. A minha dica é fazer os cálculos para não haver nenhum descontrole”, sugere a professora.
O presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, afirma que os dois gastos que mais “atrapalham” a vida financeira dos brasileiros são o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). “Uma dúvida muito comum em relação a esses impostos é sobre a condição de pagamento: é melhor à vista ou a prazo? Antes de ter essa resposta, é preciso saber em que situação financeira a pessoa se encontra: endividado, equilibrado financeiramente ou investidor”, diz.
Ao saber a real condição financeira na qual se encontra, é possível se programar para não entrar na espiral do endividamento. “Se estiver endividado ou equilibrado, dificilmente será possível fazer o pagamento à vista, restando o caminho do parcelamento. Lembrando que se deve evitar ao máximo recorrer a empréstimos, limites do cheque especial ou qualquer outra maneira de crédito do mercado financeiro, pois isso apenas se tornaria uma bola de neve, devido aos juros altíssimos cobrados”, alerta Domingos.
No entanto, para quem se encontra numa situação financeira confortável – o que não é o caso de muitas pessoas nesse período de fragilidade econômica –, a recomendação é aproveitar os descontos do pagamento à vista. Neste ano, o Governo do Estado aplicou um desconto de 10% para quem pagou o IPVA à vista em cota única. Já o IPTU de João Pessoa pôde ser quitado com até 15% de desconto neste ano. Entretanto, os percentuais de desconto do próximo ano ainda não foram divulgados.
Material escolar também pesa
Para quem tem filhos, um dos maiores gastos no início do ano é com a compra do material escolar. “Devido à falta de educação financeira, muitas despesas se acumulam e as famílias se perdem em meio a tantas contas para pagar, ultrapassando, muitas vezes, o limite do seu orçamento financeiro”, afirma o educador financeiro Reinaldo Domingos. Por isso, ele alerta acerca da importância de se atentar aos compromissos futuros, sem se deixar empolgar por descontos em outros tributos, por exemplo.
“Muitas pessoas se deixam levar pelo bom desconto e acabam esquecendo que haverá outras contas a serem pagas naquele mesmo mês ou nos próximos. De que adianta pagar à vista e conseguir desconto em uma despesa e não ter dinheiro suficiente para quitar as outras?”, questiona. Ainda por cima, quando se trata de material escolar, uma grande dúvida é como equilibrar o fator economia e o fator comprar todos os itens necessários.
“Para começar, sempre recomendo que pensem o quanto precisam trabalhar para conseguir o seu salário. A partir daí, fica fácil valorizar esse dinheiro, aprendendo a pesquisar preço e, principalmente, a negociar os valores das compras. Uma dica é procurar conversar com outros pais e tentar fazer a compra em conjunto, pois, assim, a probabilidade de conseguir preços menores aumenta”, diz Domingos.
Outra dica é analisar o material escolar do ano anterior e verificar o que pode ser reutilizado. “É possível ainda reaproveitar livros didáticos do filho mais velho para o mais novo, se for o caso. Se não der, faça uma boa ação e doe o material para crianças ou jovens de famílias que não possuem condições de comprá-los. Também faça uma lista do que precisa comprar para não se perder e acabar rendendo-se aos impulsos consumistas, além de conversar com os filhos antes de sair às compras, explicando a situação em que a família se encontra e o quanto poderão gastar com os materiais”, recomenda o educador financeiro.
Passeios e viagens de férias
Além de todos os gastos do período, as pessoas também querem descansar e curtir a vida, assim, muitas famílias pensam em passear e viajar. No entanto, até nisso o planejamento é necessário, senão o que era para ser um período de diversão e descontração acaba se tornando um pesadelo financeiro. “No decorrer da viagem, cuidar para não extrapolar o orçamento e evitar recorrer ao cartão de crédito para gastos extras. Afinal, já que fez tudo certo até aqui, não entre em dívidas desnecessárias agora”, alerta o educador financeiro Reinaldo Domingos.
Para quem ainda não se planejou, é importante fazer um orçamento considerando todos os gastos, incluindo transporte, hospedagem, alimentação e passeios no local. “Caso fique mais caro do que a situação financeira permite, é válido considerar adiar essa viagem e fazer outra mais barata e até mesmo montar uma programação de passeios na própria cidade”, recomenda.
Décimo terceiro para ajudar
Pesquisa da Boa Vista SCPC divulgada no final de novembro aponta que 72% dos consumidores que vão receber o 13º salário este ano vão aproveitar para pagar dívidas e se preparar para os gastos de início de ano. Deste percentual, 56% vão usar a renda extra para quitar dívidas e 16% vão pagar contas de começo de ano, a exemplo de IPVA, IPTU e material escolar. Somente 13% dos entrevistados pela Boa Vista SCPC disseram que vão poupar ou investir.
O levantamento também mostrou que dentre os entrevistados da região Nordeste, 58% vão utilizar o 13º salário para pagar dívidas. No país, a região que mais vai destinar a renda extra para o item será a Norte, com 76% dos entrevistados. Em relação às classes sociais, a opção quitar dívidas é maior entre os consumidores das classes DE (66%). Na classe C, a intenção caiu para 48%, enquanto nas classes AB a intenção reduziu ainda mais: 21%.
Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, o comportamento é até natural, uma vez que os índices de endividamento são altos. Entretanto, fez um alerta. “Não há problema nenhum utilizar parte desse dinheiro para desafogar o orçamento e comprar o que precisa nesse final de ano, época em que os gastos realmente aumentam bastante. No entanto, é preciso planejamento, para que esse dinheiro seja gasto com consciência. Isso é educação financeira”, afirmou.
Fonte: Portal Correio
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