O presidente Lula
recebeu nesta quinta-feira (5) na Academia Francesa, uma espécie de Academia
Brasileira de Letras do país, uma homenagem especial. Ele é o segundo
brasileiro a receber a honraria, sendo anterior dom Pedro II, em 1872.
Lula é 20º chefe
de Estado a ser recebido em sessão privada desde a criação da Academia em 1635.
Segundo a divulgação no site oficial da Academia:
'O convite
dirigido ao Presidente destaca, assim, a importância que a Academia atribui às
relações culturais franco-brasileiras e contribuirá para ilustrar a fecundidade
dos intercâmbios entre os dois países, por ocasião de uma temporada cultural
conjunta que será marcada por numerosos eventos'.
A Academia
Francesa foi a principal inspiração de Machado de Assis para a criação da
Academia Brasileira de Letras.
Além da honraria,
Lula também escolheu uma palavra que será analisada em uma espécie de simpósio
interno. A palavra escolhida foi 'multilateralismo'.
'A riqueza e a
fecundidade das relações culturais entre a França e o Brasil são ilustradas
pelos laços estreitos e duradouros que unem a Academia Francesa e a Academia
Brasileira de Letras: esta última adotou estatutos inspirados na sua irmã
francesa. A visita do presidente Lula antecipa um futuro encontro entre as duas
entidades, que ocorrerá antes do final deste ano ou início de 2026. Este
encontro será um dos destaques da temporada cultural brasileira na França
(abril a setembro de 2025), decidida em 2023 pelos presidentes Emmanuel Macron
e Luiz Inácio Lula para celebrar o bicentenário do reconhecimento da
independência do Brasil pelo nosso país', escreve o texto da Academia Francesa.
Conversa com Macron
Além do evento
privado, Lula também teve um encontro com o presidente da França, Emmanuel
Macron, em que discutiram temas de ordem econômica e da geopolítica mundial
atual. O presidente brasileiro, aliás, aproveitou para tentar falar mais sobre
o acordo entre Mercosul e União Europeia.
Ele disse que vai
assumir a presidência do Mercosul e que, ao final do mandato de seis meses,
terá concluído o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. A fala foi durante
declaração conjunta com o presidente francês Emmanuel Macron, na França.
Lula se disse
otimista e fez um apelo para que o presidente francês 'abra o coração' e assine
o acordo.
'E ao assumir a
presidência, o mandato é de seis meses, eu quero lhe comunicar que não deixarei
a presidência do Mercosul sem concluir o acordo com a União Europeia. Portanto,
meu caro, abra o seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o nosso
querido Mercosul'.
O acordo está para
ser assinado há 20 anos. Hoje, a França é um dos principais países europeus
contrários ao acordo, por entender que não há justiça com os agricultores
franceses contrários à assinatura.
Mesmo diante das
brincadeiras de Lula e risadas da plateia, Macron afirmou não haver um nível
correto de regulamentação e disse ser preciso melhorar o acordo com cláusulas
de salvaguarda e respeitando os agricultores, senão não será assinado.
'Como é que eu
vou explicar aos agricultores que, no momento em que eu exijo que respeitem as
normas, eu abro o mercado para produtos que não respeitam essas normas?'.
Lula disse, no
entanto, que ele é o presidente mais preocupado com o meio ambiente do mundo e
afirmou que tem a melhor ministra do Meio Ambiente do mundo. Ele destacou que
não pode haver um bloqueio, voltando a defender a assinatura do acordo e,
inclusive, chamou Macron para uma mesa de negociação. O presidente brasileiro
se colocou à disposição para viajar à França novamente e conversar com os
próprios agricultores, mas disse que o país também está aberto para receber os
agricultores franceses.
Os dois
presidentes entraram em embate ao falar a respeito da guerra na Ucrânia. Isso
porque Lula voltou a criticar o conflito, mas colocando mais uma vez a
responsabilidade sobre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia,
Volodymyr Zelensky.
'As pessoas
precisam se dar conta, e eu disse isso pessoalmente ao presidente Putin, de que
chegou um momento em que as pessoas já sabem o que vai dar isso. Ou seja, já
está mais do que provado a insanidade mental da guerra. A guerra não constrói
nada, ela destrói', disse Lula.
Macron, por outro
lado, foi mais duro e disse que todos os países precisam fazer pressão contra a
Rússia para pôr fim a esse conflito. Na visão do presidente francês, só há um
agressor, o presidente russo Vladimir Putin.
'Há um
agressor, a Rússia, um agredido, a Ucrânia. Todos queremos a paz, mas os dois
não podem ser tratados em pé de igualdade. Segunda coisa, a proposta dos
Estados Unidos de um cessar-fogo foi aceita pelo presidente Zelensky em março
em Jedá. Ela continuou a ser recusada pelo presidente Putin. Ele iniciou a
guerra e ele não quer um cessar-fogo', afirmou Macron.
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